quinta-feira, 3 de maio de 2012

Primeira visita a Dire Straits

 
 
 
 
 
 
 
Camila estava andando em alta velocidade em sua moto, por uma estrada que não sabia nem onde a levaria. A noite já ia alta, mas era assim que ela gostava o sabor da adrenalina com a mistura dessa vida noturna, combinação perfeita. O vento batia forte em seu rosto, mas não a incomodava, pelo contrário, á fazia se sentir a pessoa mais livre do mundo. Olhou uma placa que dizia, há duzentos metros entrada para Dire Straits. Não conhecia essa cidade, e decidiu ir até ali, vê se encontrava um bar, e alguém legal para conversar.
Logo à frente, viu a entrada da cidade, diminuiu a velocidade de sua moto, e foi vagando pelas ruas, até encontrar uma espécie de bar que ainda estava aberto. Procurou onde estacionar sua moto e entrou no bar. Observou as pessoas, todas estranhas. Não sabia o porquê de achar aquilo, vai ver que o cansaço já estava fazendo imaginar coisas. Aproximou-se do balcão e pediu uma garrafa de vinho. O garçom logo trouxe a garrafa e um copo, ela sentou em dos bancos, acendeu seu cigarro e bebia. Rolava um som legal, no momento estava tocando speak to me do pinck floyd. Psicodélica total, até que combinava com aquele bar e as caras estranhas.
- Você tem um isqueiro?
Camila então saiu do seu transe momentâneo, e olhou para a garota que pedia isqueiro, acabou se impressionando com a beleza da menina. Estendeu o isqueiro a ela e ofereceu:
- Sente aqui comigo, podemos beber e conversar. Qual o seu nome?
- Tamara.
Tamara era de poucos amigos, uma pessoa fechada e reservada, mas também havia gostado da garota, sentiu que dali poderia nascer uma grande amizade. Camila continuava a olhando, sabia que aquela menina tinha um poder muito grande dentro dela de seduzir as pessoas.
-EntãoTamara, você mora aqui em Dire Straits?
- Moro sim e você?
- Na verdade estou a passeio, estava voando com minha moto pela estrada, quando vi a entrada para essa cidade. Fiquei curiosa.
-Então não conhece nada, nem ninguém aqui?
-Não.
-Mas tarde encontrarei uns amigos em um antigo parque abandonado daqui, era uma reserva florestal. Gostaria de ir?
- Adoraria!
Camila pegou mais um copo com o garçom, e enquanto bebiam, conversaram contando um pouco sobre suas vidas.
- Cá, vamos encontrar o pessoal?
- Vamos de moto?
- Pode ser.
Antes de partirem as duas compraram alguns maços de cigarro e garrafas de bebidas para levarem, colocando tudo na mochila que Tamara carregava.
O parque era em um canto meio afastado da cidade, mas não demoraram a chegar. Encontraram os amigos de Malina a esperando, no que antes parecia ter sido o portão principal dali.
-PÔ, Tamara , demorou!
- Passei em um bar antes, pessoal essa aqui é a Camila.
Um por um foram apresentados. Tiago, e Renan, dois meninos irmão gêmeos, mas não chegam a ser idênticos, super simpáticos e uma garota Laíz, magrela, estranha. Pelo menos foi o que Camila pensou. Feita as apresentações entraram no parque e começaram a caminhar por entre as árvores, o chão estava coberto por um mato alto, sendo que não conseguiam ver onde pisavam. Foram se aprofundando cada vez mais para dentro do parque, até acharem um local, onde conseguiriam sentar. Laíz então tirou um pano vermelho de sua bolsa, estendendo-o para que o pessoal sentasse.
Tamara e Camila, porém decidiram continuar um pouco mais a exploração, achando uma trilha estreita, que parecia ter sido usada há pouco tempo, talvez por algum curioso como eles ali. Decidiram seguir aquele caminho. A trilha parecia não ter fim. As duas caminhavam silenciosas, quando perceberam uma clareira e vozes vindas um pouco mais a frente. Andaram pé ante pé, até chegarem bem perto do lugar. Escondidas atrás de umas pedras viram uma grande mesa de mármore no meio daquele local, onde uma criança que aparentava ter uns cinco nos de idade estava deitada, aparentando dormir, e várias pessoas em voltas, encapuzadas com uma túnica preta, todas as túnicas tinha um pentagrama vermelho desenhada.
Mais a frente da mesa, tinha algo parecido uma espécie de altar, meio coberto por cortinas negras e de onde estavam não conseguiam ver o que tinha ali, só dava para ver que tinha uma pessoa próxima, também vestida com túnica, mas vermelha em vez de preto. Essa pessoa demorou algum tempo ali, até que se aproximou dos outros na mesa de mármore onde estava a criança.
Foi então que as meninas viram, a pessoa segurava uma espécie de punhal em sua mão esquerda, que logo ergueu ao céu, deixando o nessa posição enquanto recitava umas palavras, parecidas com o hebraico. Terminadas as palavras, as outras pessoas ali pareciam entrar em um transe, uma espécie de êxtase, se movimentando para frente e para trás, fazendo sons com suas bocas, parecidos vir do próprio inferno. Não muito demorou e o punhal descia em direção à criança, não chegando até o fim em seu destino pelo grito:
- Não- que as duas garotas escondidas gritaram ao mesmo tempo.
A pessoa de vermelho assustou-se derrubando o punhal. A criança deitada sobre a mesa, com o grito parecia ter saído do seu sono ou transe, levantando da mesa e chorando. Enquanto os encapuzados de preto agarraram-na para que não fugisse. Alguns outros foram na direção das meninas, que começaram a correr.
Tamara que estava com uma bota preta, cano longo e salto agulha, tropeçou caindo.
- Merda.
Camila então voltou para socorrê-la, quando os Encapuzados de preto as agarravam, e as puxavam para o centro de onde tudo aquilo acontecia. Com a claridade, viram que todos os vestidos com túnicas negras eram homens, a única mulher era a de vermelho. Devia ser sacerdotisa daquela seita.
Colocaram-nas no centro da mesa de mármore?
- Como ousam atrapalhar- nos?
Era a mulher que falava mais sua voz parecia mais a de um demônio em fúria. - Quem são vocês? – perguntou Camila.
- Se eu te disser, terei que te matar!
Foi então, que um dos encapuzados que seguravamTamara, percebeu que ela sangrava um pouco no joelho, talvez devido à queda, ficou mais uma vez extasiado, como minutos antes quando estavam prestes a sacrificar a criança, que continuava descontroladamente chorando. Os outros vendo o sangue, também começaram a entrar no mesmo ritmo. Um deles passou a mão sobre o ferimento dela, logo em seguida levando-o a seus lábios para sentir um pouco do sangue.
Camila olhava a tudo horrorizada sim já tinha lido algo sobre uma seita de satanistas, que faziam sacrifícios humanos, em troca de algumas coisas com demônios. Geralmente na hora dos sacrifícios, o espírito dos humanos se retirava, deixando o corpo aberto para receber legiões de entidades do mal. Entrou quase a beira do desespero, não via como sairiam dali livres, sendo que não havia relatos de pessoas que encontraram ou participara dessa seita, e conseguiram sair. Foi ficando tonta, sentia sua visão escurecendo, não queria desmaiar, mas era como se não tivesse mais forças, como se sua vitalidade do nada tivesse desaparecido. Caiu no chão, desmaiada.
Tamara escutou todos gargalharem, sentia calafrios. Era como se estivesse de novo, enfrentando uma segunda viagem ao inferno. Logo as gargalhadas, tornaram-se sons indistintos. Sentiu que as mãos que as seguravam, não estavam mais ali, correu até onde sua nova amiga tinha caído. Olhou para a criança que tinha parado de chorar, a pequena menina também a olhava, com um sorriso estranho nos lábios, veio em direção daTamara, e a tocou no braço. Ela não suportou o contato, algo ruim parecia ter penetrado toda sua pele, e caiu desacordada do lado do corpo de Camila.
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Algumas horas depois Tamara despertou, e viu que Camila também acordava. Estranhamente estava no começo da trilha que tinham encontrado. As duas se olharam por um momento, tentando confirmar, que não estavam loucas. Pela cara de espanto, não precisou de palavras, para saberem que era verdade, que tinham vivido um horror por uns momentos. Deram as mãos e caminharam de volta onde seus amigos, tinham ficado.
- Desculpem a demora gente para voltar. Preocuparam-se? –Tamara perguntou.
- Você deve estar de piada NE Tatá? Não passou nem cinco minutos desde que vocês nos deixaram aqui! – Renan respondeu rindo, achando que as garotas tinham ficado com medo de se aventurarem sozinha no meio daquela mata toda.
- Como?
- Gente, que tal irmos para um bar, não tem nada aqui. – Era Camila que falava, enquanto piscava para sua nova amiga.
Todos concordaram, saindo dali. Foram parar no mesmo bar em que horas atrás Camila e Tamara haviam se conhecido, ficaram até os primeiros raios de sol surgirem conversando e bebendo.
- Bom gente, está na hora de eu pegar minha moto e voltar para casa.
Todos a acompanharam do lado de fora do bar. Tamara a abraçou, e disse:
-Volte para nos visitar!
- Voltarei!
Camila então deu partida em sua moto, onde a velocidade e a brisa fez a esquecer aquele acontecimento estranho, da noite passada. Os outros foram para suas receptivas casas. Ninguém percebeu que uma mulher de túnica vermelha tinha passado o resto da noite os observando no bar.

Um comentário:

  1. Com o tempo, Camila, lerei cada texto, estou em uma lan house e o tempo corre rápido...

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