sexta-feira, 4 de maio de 2012

Segunda visita a dire straits por Camila Bernardini




Já havia se passado dois meses desde que Camila fora para Dire Straits. O fato é que naqueles últimos dias não conseguia tirar aquela estranha cidade de sua cabeça. O estranho acontecimento no parque, as pessoas que conheceu. Tudo pedia para que ela voltasse ali. Pensando nisso, decidiu levantar-se da cama e ir naquele mesmo momento. Olhou pelo vidro de sua janela, a chuva forte continuava caindo sem mostrar a mínima intenção de parar ou diminuir, mesmo assim decidiu arriscar e claro que isso não a impediria de ir com sua moto, fiel companheira de estrada.
Vestiu uma roupa que a protegesse do frio e partiu. Enquanto em alta velocidade, corria pela estrada, deixando tudo o mais para trás, sentiu-se bem. As grossas gotas de chuva que caiam pelo seu corpo não a incomodavam, pelo contrário dava um sabor a mais de aventura. Era assim que se sentia, amava viajar e sua moto. Tinha uma vida meio solitária, mas sabia que assim não sofreria tanto como já sofreu um dia. Viu então a placa que deseja Boas Vindas a cidade, que a fascinará e a atormentará em alguns pesadelos após te ido embora de sua primeira visita a ela.
Foi diminuindo a velocidade, para percorrer as ruas com tranqüilidade. Pegou uma avenida que parecia ser a principal, logo achando um hotel. Resolveu parar ali para tomar um banho e por uma roupa seca que colocará na mochila. Depois ia ver se encontraria algo para fazer, achando meio difícil por já ser altas horas da madrugada. O recepcionista do hotel era um homem estranho (mas isso ela já achava normal, tudo naquela cidade fora estranho para ela). Pediu um quarto, e sem mais conversas subiu. Estava louca para tomar um banho.
Saulo, porém, assim que viu a garota entrar no elevador, pegou o telefone ao lado da mesa da recepção e discou para Sarah. Quando finalmente alguém atendeu era uma voz sonolenta e irritada.
-Alô, o que você quer essa hora?
- A garota voltou esta no hotel que eu trabalho.
-ótimo, me mantenha informada.
Sarah desligou o telefone sem nem agradecer. Saulo odiava aquela forma dela tratar seus discípulos, só não falava nada, por que sabia que tinha que respeitar sua sacerdotisa. E outros que tentaram desafiá-la tiveram um fim trágico. Ele não queria perder tudo que tinha conquistado depois de entrar naquele mundo, que ela o mostrará.
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Camila tomou banho quente, trocando de roupa e logo já estava perambulando pelas ruas. Decidir ir caminhando dessa vez aproveitou que naquele momento só garoava, e um guarda-chuva bastava. Em poucos minutos encontrou uma espécie de bar, com uma grande placa escrito fênix. Viu muitas pessoas do lado de dentro, devia ser um lugar legal. Entrou no ambiente. A primeira coisa que fez foi observas o local. Sentou em uma mesa após pedir uma garrafa de vodka. Estava distraída com sua bebida, e deixando se levar pelo som da música, não sabia quem cantava, mais era um som de blues gostoso de ouvir, quando uma mulher sentou em uma cadeira na mesma mesa que ela. Camila a olhou era loira, cabelos encaracolados e compridos, olhos grandes e longos cílios, uma boca atraente, alta.
- Oi, sou Sarah!
- Camila.
- Me perdoe por já ir sentando assim, te vi sozinha e achei que talvez quisesse uma companhia.
- Gosto de estar só, existem pessoas que nos roubam da solidão, sem em troca nos oferecer verdadeira companhia.
- Frase filosófica, você que criou?
- Não. Mas desde que a ouvi pela primeira vez, me identifiquei muito com ela. È de um filósofo chamado Nietzch.
- Já vi que gosta de filosofia. Deve ser uma garota misteriosa.
Camila riu:
- Não Sarah! Nem tanto.
As duas continuaram por horas conversando. Camila sempre tinha facilidade em fazer amizade com as pessoas, e todo mundo que acabava de conhecer, na verdade parecia que já conhecia á séculos. Era sociável, e por isso já havia sofrido de mais com pessoas que julgara um dia terem sido suas amigas. Hoje em dia conhecia pessoas, mas não queria mais laços de amor com ninguém.
- Quer ir lá para casa?
- Mas nem nos conhecemos Sarah!
- Vamos? È aqui pertinho depois voltaremos para cá.
Pagaram a conta do bar e saíram. Enquanto caminhavam, Camila encontrou Renan, um dos irmãos gêmeos que estavam com ela no parque no primeiro dia que viera a Dire Straits. Sarah ficou meio aborrecida com o encontro, mas acabou convidando o garoto a ir junto com elas. Assim seguiram os três.
Os dois estranharam a decoração da casa de Sarah; por todos os lados, velas, pentagramas, incensos e coisas do tipo. Era uma ambiente com uma energia um pouco pesada. Ela pediu que os dois esperassem ali, que ia preparar uma bebida. Após beberem, Renan e Camila dormiram, caindo em sono profundo e sem sonhos.

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Camila abriu seus olhos, estava em uma trilha. Na trilha de um parque. Após alguns minutos sem entender, lembrou que estava em Dire Straits. Mas não sabia como havia parado ali. Ao perceber que era o mesmo parque da visita anterior, seu corpo todo se arrepiou. Sentiu medo e dessa vez estava sozinha. Os passos lentos, congelado por um pânico que já dominava, caminhava para tentar sair dali. Foi então que viu a sua frente Marcos. Mas não podia ser. Marcos fora um amigo muito querido que morrerá a dois anos atrás, a deixando com muita saudade. Olhou de novo, seus cabelos negros, longos enrolados, seu nariz comprido e pontiagudo (motivo de brincadeiras da turma na época de escola), sua pele branca e olhos que expandiam tanto brilho que seria impossível de se notar, estava ali a sua frente. Por um segundo ela pensou que também estivesse morta.
- Marcos.
- Vim tentar te ajudar. Quem está me vendo é seu espírito que nesse exato momento está livre da matéria. Seu corpo esta naquela mesma pedra que você viu a garotinha. Junto está Renan e Tamara.
- Mas como?
- Sarah, é aquela mulher de túnica vermelha.
- Mas eu achei que nada daquilo tinha acontecido. Sendo que aquele dia no parque, os amigos de Tamara não haviam sentido o tempo que passamos longe deles.
- Foi um feitiço do tempo feito por eles.
- Eles? Mas quem são eles?
-São adoradores de uma seita. Para você entender melhor, Sarah é uma feiticeira muito forte, tem grandes conhecimentos em magia e nos mistérios que regem a lei da vida e da morte. Ela é única mulher, todos os seus discípulos a protegem, em troca de imortalidade.
-Imortalidade?
- Foi um segredo descoberto pelos gregos, mas tão bem guardado que nem um estudioso jamais descobriu. Diz à tradição que uma vez por mês, sacrificando o sangue de uma criança virgem e oferecendo a Hádes. Ele permite que a jovialidade e o fio da vida continuem existindo a todos que participam desse ritual de sacrifício. E foi isso que você presenciou há dois meses.
- E o que eles querem agora de mim?
-Existe uma forma de todos eles conseguirem ser imortais durante cem anos sem precisarem fazer esse ritual.
- Qual?
- Descobrindo as duas filhas da Lua, que vem a terra a cada cem anos. Sacrificando-as, o poder deles aumentará muito mais.
- Filhas da lua? E o que eu tenho haver com isso? E Tamara e Renan?
- Você e Tamara são as Filhas da Lua! Renan só está aqui por ter te encontrado a caminho da casa de Sarah.
Camila achava difícil acreditar naquela história toda. Mas Marcos estava ali, diante dela não estava? O olhou mais uma vez e só então notou asas saindo de suas costas. Ele percebendo o olhar curioso ao mesmo tempo em que estampando, riu:
- Digamos que sou um Anjo.
- E o que vamos fazer?
- Primeiro tem que voltar a seu corpo. Lá use seus poderes.
- Até minutos atrás eu nem sabia que tinha poderes,
- Saberá usá-los, prometo.
O espírito de Camila, então foi sendo puxado, até entrar em seu corpo de novo. Ela então abriu seus olhos, estava sentindo frio, deitada naquela pedra úmida. Do seu lado Tamara também abria o olho e a olhava. Não fosse a situação abraçaria a menina, que tinha a cativado tanto.
- Vejam quem acordou.
Era Sarah, que esperava que as duas Filhas da Lua despertassem para dar início ao ritual de sacrifício que a deixaria sossegada por um bom tempo. Seus discípulos já estavam frenéticos e ansiosos para se verem livres por um bom tempo. Saulo perto de Sarah sentia-se triste, tinha se apaixonado por Camila. Não sabia como, não tinha tido diálogo ou mesmo contato físico, mas algo mais forte o dominará. Porém não ia abrir mão de nada, para defendê-la. O medo da morte e dos castigos que Sarah poderia fazer que ele enfrentasse era maior.
Sarah lia os pensamentos de Saulo, foi em sua direção e o beijou. Um beijo longo. Ao terminar o beijo, ele já não se lembrava o motivo que o afligirá instantes atrás. Primeiro matariam Renan, a chave menos importante de tudo aquilo. Com sua adaga na mão, Sarah o atingiu no coração, logo em seguida Saulo retirava o corpo de cima da pedra.
Lágrimas escorriam pelos olhos das duas meninas, mas elas não sabiam o que fazer. Tamara no tempo que esteve inconsciente também viu um “Anjo”, mas não sabia como usar seus poderes. As duas por instinto se deram as mãos em um quase gesto de adeus. Nesse momento que se tocara, uma luz muito forte ilumino todo o local. A claridade era tamanha, que pareciam estar à luz do dia. Nesse momento, muitos da espécie de Marcos foram vistos por todos ali presentes. Cada um desses “anjos” carregava em suas mãos uma lança dourada, com pequenos adornos de raios desenhados por todos os seus comprimentos. Muitos dos discípulos de Sarah escondiam os olhos, pois a luz os estava incomodando. Ela mesma não entendia o que acontecia.
Camila e Tamara estavam de pé em cima da pedra ainda de mãos dadas. Sentiam um fluído de energia vindo em todas as direções e entrando por entre seus poros. Olharam para o céu simultaneamente, a lua brilhava forte, e luzes de todas as cores parecia surgir de lá, descendo até elas. Uma dessas luzes tomou forma de uma mulher, com uma beleza tão surreal que fez com que os que pudessem olhá-la, nem desviassem o olhar.
Sarah se congelou ao ver que era Lua. Rapidamente tentou invocar os espíritos das trevas que guardavam todo o conhecimento que sabiam. Alguns vultos negros até surgiram, mas logo sumindo por não suportarem a pureza que emanava daquele lugar. Lua nunca tinha sido disperta a terra antes, o poder dessa nova filha delas era realmente forte. Sabia que o mundo estaria protegido.
Com todos paralisados pelos acontecimentos, nem perceberam que Sarah, ainda com sua adaga correu em direção a Tamara para tentar acertá-la. Porém quando chegou perto, algo inusitado mais uma vez aconteceu. Um rosto surgia entre as luzes, de um homem loiro de olhos verdes:
- Chega Sarah. Chegou seu fim.
Após as palavras, o corpo dela foi perdendo a forma jovial, tornando um corpo velho, mumificado, até cair morta ao chão. Logo, esse processo também acontecia com todos os seus discípulos. Os “anjos” então, cada um deles se aproximou de um dos corpos, atingindo suas lanças no lado esquerdo, onde ficava o coração, logo sumindo de vista dos que continuavam presentes.
Lua, olhou para suas filhas, sorrindo:
- Hora de voltarem para casa.
As meninas então se transformaram em duas esferas de luz, que subiam cada vez mais alto pelo céu, desaparecendo para sempre da existência terrestre.
Marcos com uma lágrima, por saber que onde Camila estava, seria proibido sua visita, gritou:
- Bom dia!
Dessa vez seria mesmo a última que diria isso a ela. Não imaginou que ela ainda pudesse escutar gritando de volta:
- Você realmente é um Anjo.

Isso que dá desmatar a floresta por Camila Bernardini





Algumas lágrimas escorriam pela face de Bukura. Seu ar tristonho chamou a atenção das outras que estavam ao redor. Todas em silêncio a observavam chorar. Uma imensa luz azul invadia o local. E a clareira que se fazia com a luz deixava bem claro o motivo pelo qual aquela pequena fada chorava. Muitas árvores cortadas. Ao lado dos troncos tombados ao chão, que logo virariam móveis ou qualquer outra coisa do capricho humano, alguns homens dormiam despreocupadamente. Homens esses que não sentiam a presença das fadas, que não pensavam, apenas agiam como máquinas destruindo cada vez mais o meio ambiente, com seus desmatamentos desenfreados. Sem sentimento de culpa, sem sentimento algum.
            Carlin e Tatin que já estavam tristes e aflitas de ver Bukura chorar voaram até a árvore onde a pequena amiga estava para tentar confortá-la. As duas a abraçaram, mas nada parecia adiantar. Os soluços e as lágrimas não cessavam.
            - Eu posso tocar a alma destes homens para que eles nunca mais façam isso.
            - Não adianta Tatin, esses homens não têm almas a serem tocadas.
            - Como não Bukura? – perguntou intrigada Carlin
            - Não vejo sentimentos neles, agem como máquinas.
            - Nos explique direito...
            - No decorrer de toda a história o homem sempre ganancioso, sempre destrói tudo ao seu redor em busca de poder, dinheiro. Sempre em busca de algo e nem nota que tudo os leva a destruição. Com isso se esquecem de sentir.
             Tatin ficou abismada, se aqueles homens não tinham alma humana e estavam destruindo seu lar e o de suas amigas. Assim como de muitos outros seres que viviam ali deveriam aprender uma lição. E foi então que uma idéia lhe ocorreu.
            - Vamos falar com Titânia, ela poderá nos ajudar.
            Bukura então sorriu aliviada. Sabia que dariam um jeito de espantar aqueles homens dali. Elas voaram então para o centro da floresta que ainda estava intocado. Muitas árvores, flores, passarinhos e outros animais. Todos seguros no seu lar que logo seria destruído se não dessem um jeito.
            No coração daquele reino verde havia a árvore mais esplêndida de todas. Tinha quase dez metros de alturas, com raízes grosas que se enrolavam muito rumo ao centro da terra. As árvores estavam com as folhas um pouco secas, apagadas devido a ser outono, mas mesmo assim carregava uma beleza admirável. Em cima dela viviam as pequenas fadas que protegiam aquele lugar.
            Pousada em um galho alto estava Titânia, suas luzes coloridas emanavam paz, segurança. Ela era a fada mais sábia, a mais procurada para dar conselhos e seu nome significava mãe terra. Quando as outras fadas se aproximaram sua voz serena disse:
            - Já sei para que vieram, e autorizo que façam. Mas tomem cuidado. Não quero nenhuma de vocês machucadas. Levem Holda com vocês!
            Holda, Carlin, Bukura e Tatin então voaram rumo à madeireira que ficava próxima a região e onde os troncos cortados das árvores iam parar. Em silêncio quando chegaram, aumentaram seus tamanhos para parecerem humanas. Percorreram o lugar que estava vazio, até que encontraram um enorme galpão onde entraram. Lá havia muita madeira, que outrora foram árvores lindas cortadas do lugar onde as fadas moravam.
            Ficaram quietas em silêncio esperando, até que ouviram o som de alguns carros chegando. Pelo cheiro já podiam sentir que era os mesmos homens que viram na floresta. Eles entraram no galpão rindo alto, conversando:
            - Logo vamos acabar com todas as árvores da região. O Reginaldo me ligou hoje e disse que as máquinas chegam depois de amanhã. Com elas nossas produções vão a todo vapor.
            - E vamos plantar sementes no lugar?
            - Ora como você é tolo Adriano. Claro que não!
            - Mas tudo vai ficar devastado e sem vida?
            Reginaldo lançou olhares para seus outros companheiros que riram muito. Ele cada vez se arrependia mais de ter contratado o menino para trabalhar. Mas devia favores aos pais dele, e prometeu arrumar um emprego para o filho. Mas estava cansado dos discursos ecológicos do garoto e de vê-lo chorar sempre que derrubavam uma árvore. Virou-lhe as costas sem responder. Caminhando entre as madeiras, notou que uma sombra corria mais ao fundo do galpão:
            - Quem esta ai?
            Não ouve nenhuma resposta apenas seus amigos que o olhavam intrigado perguntando o que tinha acontecido.
            - Notei uma sombra correndo logo ali. Deve ser algum curioso ou fiscal, vamos lá acabar com a raça de quem quer que seja.
            Com algumas facas na mão Reginaldo e seus homens começaram a vasculhar o galpão. Foi então que com um estrondo muitas madeiras caíram pelo chão. Reginaldo deu um pulo de susto e disse novamente:
            - Muito engraçadinho, melhor se mostrar logo.
            As fadas então saíram de seus esconderijos, e como estavam com seus corpos de humanas logo ouve uma série de assovios.
            - Ora, ora... O que fazem perdidas por aqui?
            Bukura que era ingênua e acreditava que uma boa conversa resolveria tudo disse:
            - Queremos que parem de destruir nossa floresta.
            - A floresta é de vocês? – perguntou Reginaldo
            - Vai ver elas são as guardiãs- disse Adriano
            - Você fantasia de mais moleque. Cala a boca! E o que vão nos dar em troca belezuras.
                        Tatin que ainda acreditava que podia usar seus poderes de sensibilidade para tocar a alma dos homens se aproximou deles. E ao tocar o rosto de Reginaldo, ele tentou beijá-la a força.
            - Me solta!
            - Que isso belezura, nem começamos a brincadeira.
            Holda que já estava inquieta e queria acabar logo com isso gritou
            - Solte-a!
            - Ou o que? – disse Carlos outro do bando.
            Holda fechou os olhos e tudo a sua volta foi se modificando. Uma intensa luz azul brilhava dela. Os homens assustados começaram a ficar inquietos com a ousadia de Reginaldo que ainda agarrava a Tatin pelo braço e não soltava mesmo vendo o que acontecia.
         A luz foi ficando cada vez mais forte e logo eles puderam sentir a intensa ventania ali dentro.  O que todos acharam estranho já que o local estava fechado. Adriano foi o único que sorriu e não sentiu medo. Ele soube naquela hora que essa era a fada Holda. A fada que rege os ventos e as tempestades de neve. Se insultada, ela fica brava com facilidade, é capaz de destruir todo um lugar com suas tempestades.
         O vento ia ficando mais e mais forte. Reginaldo soltou por fim a fada e pediu que parassem com aquilo. Para sua surpresa todas estavam de mãos dadas agora. E em um circulo a luz azul era ofuscante. Ele e seus homens tentavam proteger a visão pois a claridade era tanta que lhes incomodava. O único que não se sentia desconfortável era Adriano.
         As fadas então começaram a cantar uma música em uma língua estranha, nenhuma que fosse conhecida pelo homem. O vento já enfurecido para sair começou a derrubar as paredes do galpão e destruir tudo que tinha ali. A madeireira estava sendo posta para baixo. Reginaldo que tentava se segurar em um tronco cortado de uma árvore perdeu as forças e foi lançado para longe. Lançado para dentro do coração da floresta. Os outros homens ali tentavam se proteger como podiam. O frio então foi chegando e neve começou a cair. Eles viam tudo espantado, como podia cair neve no coração da Amazônia? Tudo foi ficando congelante, e aos poucos parou.
         Carlin então sorriu para Bukura e disse:
         - Agora sim podemos conversar com eles!
         Dirigiu-se aos homens assustados, cobertos de neve que tremiam e disse:
         - Sumam daqui!
         Todos correram assustados e nunca mais voltaram.
         Na cidade próxima aquele local no dia seguinte o casal lia o jornal em voz alta: “Cada vez mais nosso clima esta maluco, tendo tempestade de neve na região. Alguns homens feridos e um ainda esta desaparecido”
         Adriano que acabara de acordar e ouviu o que seus pais diziam riu e comentou:
         - Isso que dá desmatar a floresta!

O sabbath das bruxas por Camila Bernardini

Aqui vai um pequeno poeminha meu para vocês, escrito há muito, muito temp atrás

A magia esta no ar

O sabbat das bruxas

Já vão começar

Com o seu atame na mão

O circulo elas vão começar

Depois cultuam os elementos

o fogo, a água, a terra e o ar

Elas fazem seus pedidos

Para a grande mãe realizar

Elas amam a natureza

E sempre irão amar

las traçam seu destinos

e aprendem a voar

voar com liberdade

Liberdade de sonhar

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Primeira visita a Dire Straits

 
 
 
 
 
 
 
Camila estava andando em alta velocidade em sua moto, por uma estrada que não sabia nem onde a levaria. A noite já ia alta, mas era assim que ela gostava o sabor da adrenalina com a mistura dessa vida noturna, combinação perfeita. O vento batia forte em seu rosto, mas não a incomodava, pelo contrário, á fazia se sentir a pessoa mais livre do mundo. Olhou uma placa que dizia, há duzentos metros entrada para Dire Straits. Não conhecia essa cidade, e decidiu ir até ali, vê se encontrava um bar, e alguém legal para conversar.
Logo à frente, viu a entrada da cidade, diminuiu a velocidade de sua moto, e foi vagando pelas ruas, até encontrar uma espécie de bar que ainda estava aberto. Procurou onde estacionar sua moto e entrou no bar. Observou as pessoas, todas estranhas. Não sabia o porquê de achar aquilo, vai ver que o cansaço já estava fazendo imaginar coisas. Aproximou-se do balcão e pediu uma garrafa de vinho. O garçom logo trouxe a garrafa e um copo, ela sentou em dos bancos, acendeu seu cigarro e bebia. Rolava um som legal, no momento estava tocando speak to me do pinck floyd. Psicodélica total, até que combinava com aquele bar e as caras estranhas.
- Você tem um isqueiro?
Camila então saiu do seu transe momentâneo, e olhou para a garota que pedia isqueiro, acabou se impressionando com a beleza da menina. Estendeu o isqueiro a ela e ofereceu:
- Sente aqui comigo, podemos beber e conversar. Qual o seu nome?
- Tamara.
Tamara era de poucos amigos, uma pessoa fechada e reservada, mas também havia gostado da garota, sentiu que dali poderia nascer uma grande amizade. Camila continuava a olhando, sabia que aquela menina tinha um poder muito grande dentro dela de seduzir as pessoas.
-EntãoTamara, você mora aqui em Dire Straits?
- Moro sim e você?
- Na verdade estou a passeio, estava voando com minha moto pela estrada, quando vi a entrada para essa cidade. Fiquei curiosa.
-Então não conhece nada, nem ninguém aqui?
-Não.
-Mas tarde encontrarei uns amigos em um antigo parque abandonado daqui, era uma reserva florestal. Gostaria de ir?
- Adoraria!
Camila pegou mais um copo com o garçom, e enquanto bebiam, conversaram contando um pouco sobre suas vidas.
- Cá, vamos encontrar o pessoal?
- Vamos de moto?
- Pode ser.
Antes de partirem as duas compraram alguns maços de cigarro e garrafas de bebidas para levarem, colocando tudo na mochila que Tamara carregava.
O parque era em um canto meio afastado da cidade, mas não demoraram a chegar. Encontraram os amigos de Malina a esperando, no que antes parecia ter sido o portão principal dali.
-PÔ, Tamara , demorou!
- Passei em um bar antes, pessoal essa aqui é a Camila.
Um por um foram apresentados. Tiago, e Renan, dois meninos irmão gêmeos, mas não chegam a ser idênticos, super simpáticos e uma garota Laíz, magrela, estranha. Pelo menos foi o que Camila pensou. Feita as apresentações entraram no parque e começaram a caminhar por entre as árvores, o chão estava coberto por um mato alto, sendo que não conseguiam ver onde pisavam. Foram se aprofundando cada vez mais para dentro do parque, até acharem um local, onde conseguiriam sentar. Laíz então tirou um pano vermelho de sua bolsa, estendendo-o para que o pessoal sentasse.
Tamara e Camila, porém decidiram continuar um pouco mais a exploração, achando uma trilha estreita, que parecia ter sido usada há pouco tempo, talvez por algum curioso como eles ali. Decidiram seguir aquele caminho. A trilha parecia não ter fim. As duas caminhavam silenciosas, quando perceberam uma clareira e vozes vindas um pouco mais a frente. Andaram pé ante pé, até chegarem bem perto do lugar. Escondidas atrás de umas pedras viram uma grande mesa de mármore no meio daquele local, onde uma criança que aparentava ter uns cinco nos de idade estava deitada, aparentando dormir, e várias pessoas em voltas, encapuzadas com uma túnica preta, todas as túnicas tinha um pentagrama vermelho desenhada.
Mais a frente da mesa, tinha algo parecido uma espécie de altar, meio coberto por cortinas negras e de onde estavam não conseguiam ver o que tinha ali, só dava para ver que tinha uma pessoa próxima, também vestida com túnica, mas vermelha em vez de preto. Essa pessoa demorou algum tempo ali, até que se aproximou dos outros na mesa de mármore onde estava a criança.
Foi então que as meninas viram, a pessoa segurava uma espécie de punhal em sua mão esquerda, que logo ergueu ao céu, deixando o nessa posição enquanto recitava umas palavras, parecidas com o hebraico. Terminadas as palavras, as outras pessoas ali pareciam entrar em um transe, uma espécie de êxtase, se movimentando para frente e para trás, fazendo sons com suas bocas, parecidos vir do próprio inferno. Não muito demorou e o punhal descia em direção à criança, não chegando até o fim em seu destino pelo grito:
- Não- que as duas garotas escondidas gritaram ao mesmo tempo.
A pessoa de vermelho assustou-se derrubando o punhal. A criança deitada sobre a mesa, com o grito parecia ter saído do seu sono ou transe, levantando da mesa e chorando. Enquanto os encapuzados de preto agarraram-na para que não fugisse. Alguns outros foram na direção das meninas, que começaram a correr.
Tamara que estava com uma bota preta, cano longo e salto agulha, tropeçou caindo.
- Merda.
Camila então voltou para socorrê-la, quando os Encapuzados de preto as agarravam, e as puxavam para o centro de onde tudo aquilo acontecia. Com a claridade, viram que todos os vestidos com túnicas negras eram homens, a única mulher era a de vermelho. Devia ser sacerdotisa daquela seita.
Colocaram-nas no centro da mesa de mármore?
- Como ousam atrapalhar- nos?
Era a mulher que falava mais sua voz parecia mais a de um demônio em fúria. - Quem são vocês? – perguntou Camila.
- Se eu te disser, terei que te matar!
Foi então, que um dos encapuzados que seguravamTamara, percebeu que ela sangrava um pouco no joelho, talvez devido à queda, ficou mais uma vez extasiado, como minutos antes quando estavam prestes a sacrificar a criança, que continuava descontroladamente chorando. Os outros vendo o sangue, também começaram a entrar no mesmo ritmo. Um deles passou a mão sobre o ferimento dela, logo em seguida levando-o a seus lábios para sentir um pouco do sangue.
Camila olhava a tudo horrorizada sim já tinha lido algo sobre uma seita de satanistas, que faziam sacrifícios humanos, em troca de algumas coisas com demônios. Geralmente na hora dos sacrifícios, o espírito dos humanos se retirava, deixando o corpo aberto para receber legiões de entidades do mal. Entrou quase a beira do desespero, não via como sairiam dali livres, sendo que não havia relatos de pessoas que encontraram ou participara dessa seita, e conseguiram sair. Foi ficando tonta, sentia sua visão escurecendo, não queria desmaiar, mas era como se não tivesse mais forças, como se sua vitalidade do nada tivesse desaparecido. Caiu no chão, desmaiada.
Tamara escutou todos gargalharem, sentia calafrios. Era como se estivesse de novo, enfrentando uma segunda viagem ao inferno. Logo as gargalhadas, tornaram-se sons indistintos. Sentiu que as mãos que as seguravam, não estavam mais ali, correu até onde sua nova amiga tinha caído. Olhou para a criança que tinha parado de chorar, a pequena menina também a olhava, com um sorriso estranho nos lábios, veio em direção daTamara, e a tocou no braço. Ela não suportou o contato, algo ruim parecia ter penetrado toda sua pele, e caiu desacordada do lado do corpo de Camila.
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Algumas horas depois Tamara despertou, e viu que Camila também acordava. Estranhamente estava no começo da trilha que tinham encontrado. As duas se olharam por um momento, tentando confirmar, que não estavam loucas. Pela cara de espanto, não precisou de palavras, para saberem que era verdade, que tinham vivido um horror por uns momentos. Deram as mãos e caminharam de volta onde seus amigos, tinham ficado.
- Desculpem a demora gente para voltar. Preocuparam-se? –Tamara perguntou.
- Você deve estar de piada NE Tatá? Não passou nem cinco minutos desde que vocês nos deixaram aqui! – Renan respondeu rindo, achando que as garotas tinham ficado com medo de se aventurarem sozinha no meio daquela mata toda.
- Como?
- Gente, que tal irmos para um bar, não tem nada aqui. – Era Camila que falava, enquanto piscava para sua nova amiga.
Todos concordaram, saindo dali. Foram parar no mesmo bar em que horas atrás Camila e Tamara haviam se conhecido, ficaram até os primeiros raios de sol surgirem conversando e bebendo.
- Bom gente, está na hora de eu pegar minha moto e voltar para casa.
Todos a acompanharam do lado de fora do bar. Tamara a abraçou, e disse:
-Volte para nos visitar!
- Voltarei!
Camila então deu partida em sua moto, onde a velocidade e a brisa fez a esquecer aquele acontecimento estranho, da noite passada. Os outros foram para suas receptivas casas. Ninguém percebeu que uma mulher de túnica vermelha tinha passado o resto da noite os observando no bar.

A lança do destino cap 5 por Camila Bernardini

“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música.”

            Enquanto Sarah e Cassius galopavam para longe daquele vilarejo, os dois experimentavam sensações de leveza, euforia. Sentimentos misturados aos seus pensamentos. Sentiam a imensa magia que os cobriam. Ser diferente naquela época era o mesmo que ser temido. O vampiro temido por fazer parte da noite, e o escuro sempre fez os homens mais corajosos tremerem. Ela por ser sábia conhecedora de coisas que ninguém mais sabia ninguém mais via. E assim cada um com seus pensamentos, percorriam a estrada em silêncio.
            A estrada escura não os assustava, era como se fizessem parte dela. Sarah começou a rir, e o som de sua risada despertou Cassius dos seus pensamentos:
            - O que foi?
            - Não sei, só estou com vontade de rir.
            - Você é mesmo maluca!
            - Os insanos talvez sejam mais sábios...
            - Vamos parar um pouco para os cavalos descansarem e procurarmos um abrigo para ficarmos quando amanhecer.
            - Sim, a propósito o cavalo tem nome é Ágape!
            Cassius apenas sorriu, achava cada vez mais aquela mulher intrigante. Não é a toa que as pessoas a consideravam uma bruxa. E foi então que lembrou que pouco antes da confusão, ela havia entrado em estado de transe. Dirigiu-se para perguntar o que tinha acontecido e novamente ficou surpreso. Sarah com as mãos e a cabeça erguida para o céu dançava.
            - O que esta fazendo?
            - Dance comigo Cassius.
            - Não ouço música alguma.
            - Não ouve o som do vento? O farfalhar das folhas? As cigarras que cantam? Todos eles em uniforme fazem uma bela melodia.
            Ela então se dirigiu ao vampiro que a olhava espantando, o puxou pelas mãos para que ele fosse dançar. No começo ele resistiu, mas logo os dois dançavam. A dança do silêncio. Aos poucos os dois se soltavam mais, junto com a dança riam, sentiam-se leves. Era como se estivessem celebrando algo. Algo profundo, que a mente de poucos entenderiam. Eram dois seres loucos para quem os vissem, e dois seres celebrando magia para quem os enxergassem com os olhos da alma.
            A dança foi interrompida pelo som de trotes de cavalos que se aproximaram rápido. Os dois não tiveram tempo de se esconder ou se quer pensar nisso. Logo cinco soldados montados o cercavam:
            - Veja só, o que um casal faz na estrada há essas horas?
            - Desculpe-me senhor, moramos nas redondezas e resolvemos passear um pouco.
            O soldado os olhou com ar de deboche, pois tinham visto em quanto dançavam feitos loucos. Ficou pensativo por instantes e ordenou a seus companheiros:
            - Mate-os!
            Um dos soldados tentou acertar sua espada no vampiro, que com agilidade conseguiu desviar do golpe. Mal teve tempo de pensar quando novos golpes tentaram acertar-lhe. Mas seu reflexo e sua agilidade inumana fizeram com que ele desviasse de todos prontamente. Ouviu o grito de Sarah e ao correr até ela notou que estava ferida, que sangue escorria de seu braço. Aquele cheiro entrou em sua narina e despertou a fúria, os instintos dele e a fome. Enlouquecido começou a derrubar os soldados de seus cavalos, os golpeando com raiva. Logo tomou a espada de um e o acertou comum golpe certeiro. Os outros soldados recuperados da queda do cavalo avançavam, e um á um foi tombado ao chão.
            Sarah com o braço ferido correu para se esconder atrás de uma árvore, estava tão aflita que nem notou o soldado atrás dela, só sentiu a força de seus cabelos sendo puxado para trás. Ela caiu no chão e seu golpeador colocou seu pé com força sobre o peito dela. Embora sentisse dor não deixou escapar uma lágrima, um gemido. Ele então ergueu a espada para seu golpe final e gritou:
            - Peça perdão a Deus.
            -Você não é Deus para que eu lhe peça perdão.
            O soldado em fúria abaixou a espada para golpeá-la, mas antes que pudesse finalizar foi arremessado para longe. O vampiro correu até o corpo dele caído ao chão com olhos em chamas de ódio. Abaixou junto a ele e em um sussurro disse:
            - Peça você perdão a Deus
            O homem a sua frente tremia, e com a voz fraca disse:
            - Sou um servo dele, não preciso pedir.
            Cassius não disse mais nada. Apenas gargalhou. E foi a última coisa que o soldado ouviu. Os dentes agora cravados em seu pescoço, que perfuravam sua pele e absorviam todo o seu sangue o levaram embora para o vale dos mortos.
            Sarah já havia se recomposto e mexia nas coisas dos soldados mortos. Em uma das malas encontrou pão e vinho que sem nenhuma cerimônia tratou logo de saborear. Estava faminta. Achou também em uma bolsa um pergaminho como selo real da Igreja. Abriu para vero que continha e ficou euforia.
            O vampiro que já se aproximava, após ter juntado algumas espadas notou a euforia dela. Que no mesmo instante entregou a ele o pergaminho. Esperou que lesse e ouviu o que já sabia que ouviria:
            - Vamos para Roma.