terça-feira, 24 de abril de 2012

Caixinha de surpresa por Camila Bernardini

A companhia do pequeno apartamento de Bruna tocou. Ela olhou para o relógio e achou muito estranho alguém estar tocando àquela hora da noite. Morava sozinha e não esperava visitas. Ficou indecisa quanto a abrir a porta, mas como a companhia não parava de tocar resolveu atender e mandar quem quer que fosse embora. Para a sua surpresa quando abriu a porta não havia ninguém. Bufou de raiva. Quem seria o idiota fazendo brincadeiras daquele tipo. Já ia fechar a porta quanto notou uma pequena caixinha roxa deixada no tapete da entrada de sua porta. Pegou a caixa e entrou.
Ficou curiosa para saber o conteúdo da caixa e foi logo abrindo para saber o que tinha dentro. Quando viu o que tinha dentro deu um grito apavorado e jogou tudo pelo ar. Suas pernas tremiam com o susto que havia levado. Caiu sentada no sofá e desviou os olhos para onde aquilo tinha caído. Foi então que notou um envelope dourado no chão, provavelmente deveria ter caído de dentro da caixa quando ela jogou. Pegou o envelope com as mãos trêmulas e abriu, dentro continha um bilhete com letras recortadas de revista: “Se ainda quiser ver seu amado Eduardo vivo me encontre daqui uma hora na catedral da Sé”.
Bruna tremia tanto, que levou um tempo até se recompor. Com cuidado colocou o envelope de volta na caixa. E olhou para o chão, ainda com um pouco de receio pegou o dedo cortado que tinha vindo dentro da caixa e agora estava caído no seu chão. Só então notando que o dedo cortado estava com a aliança que ganhara do namorado para selar o noivado deles na semana anterior. Não sabia se isso era coincidência, ou se tinha algo haver com o que acontecia agora. Apressada saiu quase correndo do seu apartamento para encontrar quem quer que fosse o louco que estava por trás disso.
Chegou à frente da Catedral e notou que as portas estavam abertas. Mas um indicio estranho para aquela noite, já que pelo horário a igreja deveria estar fechada há muito tempo. Sem pensar em mais nada, correu até as portas e entrou. O lugar estava vazio e silencioso. Apenas algumas velas iluminavam a igreja. Fez o sinal da cruz e começou a percorrer os corredores lentamente. O coração disparado, olhos atentos para qualquer sinal ou barulho que pudesse dar uma pista do que de fato estava acontecendo. Foi quando notou que em um dos bancos havia outra caixinha roxa. Idêntica a que tinha encontrado na sua porta. O medo de abrir por um instante tomou conta dela, mas sabia que era a única que podia salvar o namorado. Respirou fundo e abriu a caixa. Mas um dedo e um envelope dourado. Dentro do envelope mais um bilhete: “Desça a cripta”. Ela seguiu as instruções e se encaminhou a cripta que estava um breu só. Tudo era silêncio, não fosse a respiração entrecortada que vinha do escuro.
- Eduardo? – Bruna chamou.
- Fuja daqui amor, fuja! – Eduardo gritou em desespero. Não conseguia enxergar sua amada, mas sabia que ela tinha que fugir dali antes que fosse tarde de mais. Antes que aquela... Não, não poderia denominar aquilo de mulher... antes que aquele monstro voltasse.
- Não vou embora sem você.
Bruna andava com dificuldade pelo escuro tentando localizar o namorado. Seguindo a voz dele desesperada pedindo que ela fugisse. Foi quando luzes acenderam e palmas fizeram eco por todo o local.
-Ora, ora... Meus pombinhos apaixonados!
Bruna nem precisou olhar para reconhecer a voz. E por um momento sentiu um fio de esperança. Sabia os argumentos exatos para usar e conseguir escapar dali com vida junto ao namorado. Falou sem olhar na direção da voz:
- Solte o Eduardo. Deixe-nos em paz. Sei que você ainda o ama e não vai machucá-lo mais.
O que ouviu em resposta foi apenas uma gargalhada sinistra.
- Não é mais a Amanda. È um monstro Bruna- Eduardo gritava.
Ela então olhou na direção da voz do seu namorado e o viu no canto de uma parede amarrado. Uma pequena poça de sangue ao redor. E uma das mãos com dois dedos cortados. Correu até ele e tentou soltá-lo das cordas. Foi então que sentiu que a Amanda a puxava pelos cabelos, obrigando a fitá-la. Sentiu uma dor terrível no pescoço devido à posição em que ficou. Bruna congelou de medo ao fitar o rosto da mulher que a machucava. Os olhos dela estavam simplesmente de um vermelho tão vivo que pareciam mais duas labaredas queimando no fogo do inferno. Um arrepio intenso e ânsia de vomito percorreram o corpo de Bruna, quando Amanda lambeu seu pescoço e orelha. E foi a última coisa que sentiu e viu antes da dor intensa no pescoço e de cair sem vida no chão.
- Nãoooooooo – Eduardo gritou
- Tarde de mais – ria a vampira.
- Me mate também.
- Para que te matar? Se deixá-lo viver por toda a eternidade lembrando-se da morte de sua amada será mais divertido.
- não!
- Você não tem escolha
Amanda o mordeu, o suficiente para deixá-lo vivo e o fez beber do seu sangue. Deixaria agora que a transformação dele em vampiro terminasse sua vingança. Levantou, deu uma última olhada em Eduardo que agora se contorcia em dor e foi embora da cripta. O deixando tombado ao chão.

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